sábado, 26 de novembro de 2011

Coçeira crônica na garganta



Não posso ficar calado! Claro que não! É quase impossível.

Eu não poderia me calar diante de tamanha desinformação de muitos senhores.

Há alguns dias, alguns fulanos, que supõem saber algo sobre educação, andaram falando que os professores de minha cidade não se preocupam em formar cidadãos e tornar os alunos capazes de pensar e não os dá condições para aumentarem o nível de inteligência. Dias depois, ao verem alguns alunos adotando uma postura critica em face a uma situação de desrespeito contra crianças e adolescente, foram chamados de "oposição". Mas ora veja, "oposição"?

Em primeiro lugar, meus sábios senhores, na política, OPOSIÇÃO refere-se ao partido ou grupo de partidos que intitulam-se contrários ao governo na esfera municipal, estadual ou federal. Como podem seis alunos fazerem OPOSIÇÃO, se ainda não tem nem o título de eleitor, não são filiados a partidos políticos, nem nada? Eles apenas estavam exercendo um direito de expressarem-se livremente.

Em segundo lugar, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional explicita que o Ensino Médio é a "etapa final da educação básica" (Art.36), o que concorre para a construção de sua identidade. O Ensino Médio passa a ter a característica da terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento de estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam "continuar aprendendo", tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos "fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos" (Art.35, incisos I a IV). E além disso, visa estimular o aluno a desenvolver competências diversas dentre as quais, cito o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

Mas então, queridos senhores, vossas excelências vêm me dizer que foram pessoas mal intencionadas que puseram "besteirinhas" na cabeça desses meninos? Ah, me poupem de tamanha opacidade (achei lindo esse termo).

E o pior ainda está por vir. Começa o interrogatório: - Esse aluno estuda onde? É filho de quem? O pai ou a mãe trabalham onde? Quem é o professor que ensinou que esse infeliz poderia pensar? E por aí vai...

Resultado, o aluno vai odiar o professor por tê-lo feito acreditar que ele tinha voz e poderia exercer seu direito de livre expressão; o pai ou a mãe do menino tomarão aquele "rela"; e o professor, coitado, se não perder o contrato humilhação, vai trabalhar lá no sítio Vaca Mocha.

Para evitar tudo isso, prefere-se passar o ano ensinando substantivo, sujeito e predicado, gênero textual fábula e as capitais dos estados da federação. Pois para muitos, os alunos só precisam saber disso, além da seção em que irão votar, o número do título e da carteira de identidade.

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