quarta-feira, 24 de abril de 2013

Uma simples história de amor (Parte I)


Simples assim. E nem tão simples parece. Um dia qualquer de minha lembrança, quando eu passava pela esquina em que fica o açougue, vindo da Rua do Banco do Brasil em direção à Rua do Mercado Público, passa por mim uma menina, uma rosa bailarina. Que estranho lembrar-me disso. Por quê? É tão real aquela bailarina a caminhar em meus pensamentos.


Os dias se passam e minha vida continua vazia, tediosa, amigos, "amigos", trabalho, bebidas, festas, maus conselhos e eu caminho ao abismo. Tinha eu cerca de 25 ou 26 anos, tinha desacreditado da vida, do amor, do que é certo, do que é ter princípios, caráter, sem falar que eu andava muito bravo com Deus. Ora por quê? Pois eu sempre acreditei que valeria a pena o homem se guardar para um amor de verdade. Eu pensava que Deus tinha me reservado um amor de verdade para viver minha vidinha e envelhecer com esse sentimento e morrer e ter um lugar pra sempre e... Havia fracassado em um relacionamento, o primeiro a sério. Pensei por muito tempo que a culpa era minha e de minhas decisões sentimentais, mas não, não era mesmo; a culpa era de Deus. E por que lembrar disso todo santo dia? Ah, a bailarina...

Numa dessas minhas fugas da realidade, convidado por amigos, fui assistir a uma apresentação de arte, teatro, dança, etc. Combinamos, um amigo me apresentou uma cunhada dele, conversamos, olhamos as apresentações e mais uma vez, uma rosa bailarina dança, dança, conduz umas vinte outras bailarininhas rosinhas. Ela era a maior, destacava-se, muito aplaudida. Nunca me esqueço daquela dança, daquele sorriso meio envergonhado.

Volto a minha vida comum, o tempo passa, me envolvo em mil “desvirtuosidades”, lanço-me a precipícios, tento me vingar de Deus, e num dia qualquer em que eu volto de uma festa onde fui tocar guitarra numa banda de forró, em um ônibus vindo de Campina Grande para minha cidade natal, eu simplesmente declino-me a uma depressão, uma crise existencial, um vazio enorme. Vejo agora nitidamente o quão distante eu andei de Deus nos últimos tempos, indiferente ao Seu chamado, aos Seus apelos. Voltei. Voltei ao seio da Igreja de Cristo, a comunhão com minha família, minha mãe, meu pai, meus irmãos e sobrinhos. Comecei a reviver, ou reaprender a caminhar. Porém eu chorava todo dia, sem saber o motivo. Era o monstro da depressão a me incomodar, com o qual lutei bravamente todo dia durante dois anos.

O tempo se passa, claro que passa, e eu me vejo a retomar minha vida, a querer estudar, a mudar de ofício. Invento que quero aprender computação, invento que quero ser o melhor professor de português, e saio inventando. 

Primeiro dia da volta às aulas na minha escola, estou eu lá na primeira aula e mais quarenta e poucos alunos do segundo ano. Uns são novatos, outros já conhecidos, o ensino médio nunca esteve tão repleto de caras novas. Foi exatamente neste dia que reencontrei aquela bailarina rosa, com seus adereços rosa, caderno rosa, e sorriso ainda tímido e quase medroso. O ano letivo prosseguia e eu teimava com os alunos sobre a boa escrita; a bailarina já sorria pra mim. Chego em casa, ligo o computador, leio os e-mails, entro num tal de MSN, olho fotos num dito ORKUT, uma "janelinha" sobe, alguém me adiciona, quer conversar, ou melhor teclar, mas de início é só silêncio.

Após algum tempo, estou eu acessando a internet e a janelinha sobe mais uma vez. Quem era? A bailarina, bem pensado. Era ela sim. Conversamos sobre muitas coisas, sobre gosto musical, Djavan, besteiras, solidão, começamos a nos aproximar, nos víamos na escola de outra forma, não era mais uma aluna, era aquela bailarina, encantadora, amável, tão linda...

É, mas eu tinha um medo, receio, temor, ou o que queira chamar. Não queria me envolver com aluna, eu era muito profissional. Que besteira! Ela cuidou em me envolver, me encantar. Descobrimo-nos por coincidência, ou providência, indo no mesmo ônibus de estudantes para Campina Grande. Ela estudava Espanhol e eu Computação, pois eu não queria ficar à noite só em casa ou na rua, remoendo velhas lembranças ou sofrendo a dor da solidão.

E foi assim por muitos dias, conversávamos besteiras naquele ônibus, sempre íamos em cadeiras separadas. Pela manhã, éramos professor e aluna, à noite éramos amigos. Bem pouco tempo depois numa "teclada" pelo MSN, conversamos sobre o que pensávamos um do outro. Nisso, como um relâmpago nos desafiamos a olhar nos olhos um do outro. Eu estava na lan-house de um amigo, sozinho, tomando conta de tudo pra ele; ela estava em casa e saiu de imediato para me encontrar. Dissemos "oi". Foi tão diferente aquilo. Ela se aproximou, cheirosa, linda, tão bailarina, rosa, e eu atônito, ela tão nova, eu professor, ela aluna, frio na barriga, tremor nos pés, que sensação tão boa. "Balinha de iogurte?", "Ah, eu quero!", mãos livres, no rosto, nos cabelos, que cheiro bom, que rosto suave, que boca linda, que lábios, que sabor, que calor, respiração, coração a pulsar forte - como agora quando escrevo. Parece que estou revivendo o momento - tão pouco tempo. Senti-me menino outra vez. "Estou vivo", pensei. Posso realmente amar? Será esta uma chance que Deus está me dando de me redimir Consigo?

Retomamos nossa conversa pela internet, passou-se o tempo, nos despedimos, voltamos à normalidade de nossa vida. E eu me pegava a ver as fotos dela pelo ORKUT. Numa dessas vezes, minha mãe e irmã me viram a delirar, ou "babar", como elas mesmas disseram. Eu passava as horas imaginando se daria certo, calculando, muito meticuloso, eu pensava que poderia fazer um plano de aula perfeito em que protagonizássemos um casal feliz, um amor ideal. Contudo eu temia em me decepcionar.

Semanas mais tarde, mais próximos, mais amigos, mais ansiosos por um novo encontro, fugimos: eu, da faculdade, era umas sete e meia da noite; ela, de seu curso. Encontramos-nos próximo à prefeitura de Campina Grande. Conversamos, nos olhávamos bastante e nos beijamos mais uma vez. Eu parecia um adolescente descobrindo os sentimentos, descobrindo estar vivo, apaixonado. E para nossa infelicidade, o ônibus chega e ela tem que entrar nele, eu fiquei, numa tentativa de disfarçar nosso encontro para os demais, mas "estava na cara" que havia algo muito precioso crescendo entre nós.

Dia após dia, nos víamos na escola, conversávamos, balinhas de iogurte, que parecia representar um beijo para nós. No ônibus, eu sentava à frente dela, e ela a mexer no meu cabelo. Todos viam o quanto ela gostava de mim. E eu já gostava demais daquela bailarina, aluna, amiga. 

Numa dessas ideias formidáveis, sua irmã resolve me convidar para dar aulas particulares, com o objetivo de auxiliá-la no vestibular. E todo sábado eu ia a sua casa para dar aulas de redação, gramática, literatura, tomar sorvete, comer salada, etc. No começo eu ia acanhado, mas fui logo me encantando pela família e pelas loucuras de sua mãe. Tornamos-nos cada vez mais próximos, amigos. Mas o medo falou mais alto, a insegurança foi minha inimiga, e não entendo o que me fez dizer a ela, em um dia cinza, que não dava para acontecer nada entre nós. Olhei nos olhos dela, sentados como estávamos no sofá de sua casa, e disse que não tinha como vivermos uma história de amor, éramos tão diferentes. Parti o coração dela com os pedaços do meu. Triste decisão aquela, que me corroeu os ossos e os pensamentos, tirou de ritmo meu pulso. Ficamos amigos, mas nutríamos silenciosamente aquele amor aparentemente impossível.

Alguns meses se passaram... 
(Clique para ver a continuação.)



Kleber Brito

terça-feira, 23 de abril de 2013

@ruteravilla

Era uma vez uma bailarina
E era uma vez um professor
Era uma vez uma escola
E era uma vez um grande amor.


De uma vez só todos colidem
Todos coincidem numa expressão
única e bela e tão rara e pura
que sempre dura na imensidão.


Na imensidão do espaço
Na imensidão do tempo
Na imensidão do eterno
E do pensamento.


Na vastidão do conto,
Na vastidão do poema,
Na exaustão das letras,
da voz, do som, do tato.
No contato das gotas do orvalho,
das lágrimas, dos sorrisos,
dos olhares, dos passos.


Era uma vez um amor e um sempre,
narrados pela felicidade,
com um "@ruteravilla" do início ao fim presente
com um sorriso pulsante,
envolvidos na gênese do ser e do sentir
até voltar o Senhor dos nossos sonhos
mais presente que o pulsar lancinante
dos nossos corações eternamente atados.

Kleber Brito

domingo, 21 de abril de 2013

INTERTEXTUALIDADE


Em se tratando de criação artística, na tentativa de aproximar uma obra de outra, utilizar uma obra como base para a produção de outra, os artistas podem "tomar por empréstimo" um elemento específico, uma estrutura, ou toda a obra, reelaborando-a com uma proposta diferente.

Para tanto, se valem do processo de intertextualidade que é definido por Fiorin (2003) como a "incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo".

Segundo Kristeva (1974), “todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto”.

A intertextualidade pode ser definida ainda como o "diálogo" de um texto com outro(s) texto(s).

Tomemos como exemplo os textos abaixo:


Texto 1
 Mateus 26.39-42
Bíblia Sagrada

“E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.
E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.”

Texto 2
 Cálice
Chico Buarque

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

Texto 3
 Cálice
Criolo

Como ir pro trabalho sem levar um tiro
Voltar pra casa sem levar um tiro
Se as três da matina tem alguém que frita
E é capaz de tudo pra manter sua brisa

Os saraus tiveram que invadir os botecos
Pois biblioteca não era lugar de poesia
Biblioteca tinha que ter silêncio,
E uma gente que se acha assim muito sabida

Há preconceito com o nordestino
Há preconceito com o homem negro
Há preconceito com o analfabeto
Mais não há preconceito se um dos três for rico, Pai.

A ditadura segue meu amigo Milton
A repressão segue meu amigo Chico
Me chamam Criolo e o meu berço é o rap
Mas não existe fronteira pra minha poesia, Pai.

Afasta de mim a biqueira, Pai.
Afasta de mim as biate, Pai.
Afasta de mim a coqueine, Pai.
Pois na quebrada escorre sangue, Pai.

Pai
Afasta de mim a biqueira, Pai.
Afasta de mim as biate, Pai.
Afasta de mim a coqueine, Pai.
Pois na quebrada escorre sangue.




Percebemos que o texto 2 toma o trecho "Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice" que, no trecho do Evangelho (texto 1), se refere claramente ao fato de Jesus, o Filho que se dirige ao Pai, pedir para que aquele sofrimento que estaria por vir (a crucificação) pudesse ser afastado dele, e o transforma aludindo claramente à violência repressora da ditadura. Tanto é, que mais adiante o "Cálice", pela proximidade fonética, acaba tomando a forma de "cale-se".


Por sua vez, o texto 3 é construído tomando por base a estrutura e a melodia do texto 2, mas conforme vemos transforma-o para adequar-se a uma nova proposta estética e semântica.

Caso queiram, podem aprender um pouco mais sobre a canção Cálice, de Chico Buarque e Milton Nascimento, nestes endereços:




Em nossas aulas no primeiro ano médio, propusemos as atividades abaixo como forma de explorar a riqueza linguística dos textos e reforçar cada um dos conhecimentos adquiridos no 1º bimestre este ano letivo (2013).

ATIVIDADE 1

1.      O texto 1 é do tipo ____________; seu gênero textual é ______________.
a)    Narrativo – conto;
b)    Descritivo – romance;
c)    Narrativo – Evangelho;
d)    Argumentativo – notícia;
e)    Informativo – Biografia.

2.      De imediato, é possível identificar um elemento comum entre os textos. Que elemento é esse?

3.      Como é chamado esse processo em que um texto cita ou faz referência a outro?

4.      Quanto à organização, em que se diferem ou se aproximam os textos?

5.      Notadamente, cada um dos textos apresenta um contexto diferente. Pesquise e/ou pergunte a seus professores(as) – preferencialmente os professores de História ou Geografia –, depois responda: a que contexto se refere cada um dos textos?

6.      Nas duas canções (textos 2 e 3), vemos que a voz lírica indica uma postura crítica. Lavando-se em conta a linguagem empregada nos textos, o que podemos afirmar sobre as condições de produção dos textos e as condições sociais dos seus autores?

7.      Em cada texto, o que representa o “Cálice”?

8.      Na última estrofe do texto 2, o autor utiliza uma expressão que, na oralidade, apresenta os mesmos fonemas do título do texto. Na escrita, que impressão essa troca causa no leitor?


ATIVIDADE 2

TEXTO BASE PARA A ATIVIDADE: “CÁLICE” – CHICO BUARQUE

01 – Levando em consideração o sentido metafórico do texto, no que tange ao título da canção, podemos inferir que:
a) O título remete ao sangue de cristo, uma vez que nas liturgias cristãs o cálice ofertado simboliza o sangue de Jesus.
b) Remete a agonia de Jesus no calvário.
c) É uma expressão totalmente ambígua, pois não tem nada a ver com o sentimento do calvário.
d) A ambiguidade da palavra “cálice”, em relação ao imperativo do verbo calar, remete à atuação da censura durante o regime.
e) Todas as alternativas estão corretas.

02 – Em relação ao sentido metafórico do verso: “Pai, afasta de mim esse cálice”.
a) Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância;
b) Remete a impossibilidade de aceitar aquele quadro social;
c) O verso denuncia os métodos de torturas e repressão;
d) Significa a imposição de ter que aguentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro;
e) O “eu lírico” está admitindo a dificuldade de aceitar passivamente as imposições.

03 – “De vinho tinto de sangue” na Bíblia, esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é:
a) O vinho ofertado nas liturgias cristãs.
b) O sangue de Jesus.
c) O sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.
d) O sangue dos políticos envolvidos nas mortes.
e) A sena de violência entre os mortos e feridos.

04 – Relacione os versos com seus respectivos sentidos atribuídos na música de Chico Buarque.
(A) Como beber dessa bebida amarga.
(B) Tragar a dor.
(C) Engolir a labuta.
(D) Mesmo calada a boca resta o peito.
(E) Esse silêncio todo me atordoa.
(F) Atordoado, eu permaneço atento.
(G) Outra realidade menos morta.

(    ) Aguentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro.
(  ) Mesmo sobre tortura o “Eu lírico” permanece em estado de alerta como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.
(    ) Mesmo tendo a liberdade cerceada, resta o desejo escondido e inviolável dentro do peito.
(  ) Remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.
(   ) O “Eu lírico” remete anseia por uma realidade na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.
(    ) Tal verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silencio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.
(    ) Aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.

 05 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A palavra silêncio está implicitamente relacionada à:
a) censura                              
b) a falta de pessoas pelas cidades devido ao Estado de sítio decretado pelo governo;
c) as mortes ocorridas durante esse período;
d) a ignorância dos ditadores em relação ao cidadão comum;
e) todas as respostas estão corretas.

06 – Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixa a figura da “pátria mãe” à condição de prostituta. O verso que remete a essa afirmativa seria:
a) De que me vale ser filho da santa;
b) De muito gorda a porca já não anda;
c) Quero inventar meu próprio pecado;
d) Atordoado, eu permaneço atento;
e) Melhor seria ser filho da outra.

07 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A figura destacada na frase é.
a) hipérbole
b) antítese
c) paradoxo
d) perífrase
e) hipérbato

08 – O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta. A frase que melhor expressa esta ideia é:
a) Atordoado eu permaneço atento;
b) Quero lançar um grito desumano;
c) Essa palavra presa na garganta;
d) Esse pileque homérico do mundo;
e) Tanta mentira tanta força bruta.

09 – “Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me engano”. Através desta mensagem o “Eu lírico” admite:
a) dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime;
b) as torturas e prisões geralmente ocorriam na calada da noite;
c) que tudo era reprimido;
d) por viver em um regime repressor as decisões eram tomadas de forma clandestina;
e) todas as alternativas estão corretas.

10 – Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto. Essa ideia está implícita nos seguintes versos:
a) Esse silêncio todo me atordoa;
b) Essa palavra presa na garganta;
c) Silêncio na cidade não se escuta;
d) Quero lançar um grito desumano, que é uma maneira de ser escutado;
e) Outra realidade menos morta.

11 – O porco é o símbolo da gula, e está entre os sete pecados capitais, retomando a temática da religiosidade o “Eu lírico” afirma: “De muito gorda a porca já não anda”. Além da simbologia religiosa a frase acima também faz referência a:
a) a inoperância dos governantes frente ao regime;
b) ao sistema ditador, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava;
c)  as atitudes cruéis dos ditadores que não tinham piedade de seus desafetos;
d) as intensas prisões ocorridas;
e) todas as alternativas estão corretas.

12 – “De muito usada a faca já não corta”. A afirmativa acima traz implícita a seguinte conclusão a respeito daquele momento político:
a) inoperância e desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão;
b) apelo que sejam diminuídas as dificuldades;
c) que o instrumento mais usado para assassinar os “delinquentes” era uma faca;
d) o instrumento usado para punir os prisioneiros políticos não funcionava como antes.
e) Nenhuma alternativa está correta.

13 – “Como é difícil, pai, abrir a porta”. A porta simboliza.
a) entrada para o regime de escuridão;
b) saída de um regime violento;
c) um novo tempo;
d) todas as alternativas estão corretas;
e) as alternativas b e c estão corretas.

14 – “Quero inventar o meu próprio pecado”. Subtende-se que com esses versos o “eu lírico”.
a) expressa a vontade de libertar-se das imposições;
b) almeja definir por si só seus erros, sem que os outros apontem;
c) defende a criação de suas próprias regras;
 d) deseja urgente uma real liberdade;
 e) todas as alternativas estão corretas.

15 – “Quero perder de vez tua cabeça/minha cabeça perder teu juízo”. Nos versos acima, encontra-se implícita a(s) seguinte(s) mensagem(s).
a) desejo pelo próprio juízo e não o do opressor;
b) quer decapitar a cabeça da ditadura;
c) deseja libertar-se do juízo imposto pelo regime militar;
d) almeja ser dono de suas próprias ideias.
e) todas as alternativas estão corretas.


Referências
________________________________________________________________________________________

KRISTEVA, Julia. Introdução à Semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974
FIORIN, José Luiz. Polifonia textual e discursiva. In: BARROS, Diana Pessoa de; FIORIN,
José Luiz (orgs.). Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade: em torno de Bahktin Mikhail. São
Paulo: EDUSP, 1994.

A atividade 2 está disponível em:

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Intertextualidade - Produção de Poemas


Esta semana, em atividade proposta em sala de aula, os alunos do 1º ano médio da manhã, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Conselheiro José Braz do Rêgo, produziram alguns poemas utilizando como base o poema de Joaquim Manuel de Macedo:

"Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,
Quando a teus pés um homem terno e curvo
jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias, não, mulher: ele te engana!
As lágrimas são gotas da mentira
E o juramento manto da perfídia."

Joaquim Manoel de Macedo

Como exemplo de um texto que claramente "dialoga" com outro texto de uma época diferente, apresentamos o poema de Manuel Bandeira:

"Teresa, se algum sujeito bancar o
sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredite não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA"

Manuel Bandeira


A proposta da atividade era:

Pode-se perceber que Manuel Bandeira retomou o tema do texto de Joaquim Manuel de Macedo, reescrevendo-o numa linguagem menos formal. 
Produza sua versão deste poema, procurando utilizar uma linguagem mais atual. Caso queira, utilize gírias, termos da internet ou outras expressões, Você também pode escolher outro nome para identificar a pessoa a quem o eu lírico se dirige. E lembre-se de não utilizar palavrões ou insultos.

E o resultado foi:

"Caso chegue alguém pra você
do Norte ou do Sul do país,
te demonstrando muita paixão.
Te liga mulher, isso é furada.
Nos dias de Hoje, quase tudo é furada"

Augusto Brito Barbosa



"Boyzinha, :) !
Se algum carinha quiser te cantar,
te jurar paixão maior que tuas curtidas no face,
ou te dar aliança de ouro e blá, blá.
ÉONDA! Tá te enrolando, 
só quer te usar pra se exibir pra galera, se liga!
Se manda. :)"

Fábio Emanuel



"Menina, se algum vacilão 
quiser bancar o espertinho
te jurar amor,
Cai logo fora!
Porque o pivete vai só te enganar,
te iludir tipo os menininhos que iludem as menininhas
pelo bate-papo do face.
Tô te falando, cai logo fora.
Se não tu vai se dar mal."

Esteves



"Muié, se argum cabra 
bancá o chorador em cima de ocê
e te jurar uma paixão
do tamanho do sertão,
e se ele chorá,
se ele ajoelhá,
se ele matá milhãos por você.
Não cai, boba,
Isso é tapiação
isso é mentira."

José Lucas Vieira Silva



"Teresa, se algum homem
bancar o romântico
pra cima de você
E te jurar um amor 
de 3 metros acima do céu,
Se ele lamentar,
não acredite.
É mentira.

Vai embora
Rapa peito!!!"

Jessika Raissa Mendes



"Maria, meu amor, se algum cabra safado
der em cima de você
ou te prometer aluguel, casa, comida, ou roupa lavada
ou te prometer brilhantes que possivelmente
o safado tenha roubado
Não aceites, pois é mentira.
Ele é 171."

Mayara



"Minha filha, ñ caia nessa tapiação ñ.
Ele só tá querendo te enganar
pois todos os homens são iguais,
se pesar tudo da o mesmo peso na balança.
Fazem cinema de choro,
pra depois meterem uma gaia na gente de novo."

Joyce Kelly



"Minha filha, 
Quando algum playboizinho der em cima de você
dizendo que lhe ama,
não acredite,
pois ele só quer 
que você seja mais uma pra ele.
Pois então,
é mentira
ele tá apenas de caô."

Osmar Silva


Tivemos muitos outros textos, mas estes acima foram os que mais se destacaram. 
Gostou? Faça também a sua versão!




terça-feira, 16 de abril de 2013

Dona Santina e Seu Antenor - Cifra

Como não encontrei a cifra deste samba em nenhum portal de cifras na internet, resolvi cifrá-lo e disponibilizá-lo para os meus amigos e todos os que gostam de tocar violão. Desconsiderem qualquer ausência de acordes. Está simplificado. Possivelmente, também o postarei no cifracluub qualquer dia desses.


Dona Santina e Seu Antenor
Paulinho da Viola

E
Dona Santina deu
                                   F#m7
Anteontem uma feijoada e me convidou
              B7/9
Em homenagem
                             E
À volta do seu Antenor
                       G#7                          C#m7
Que aos vinte anos de casado escapuliu
                       F#7                                     B7
Quando viu os olhos da Sandrinha, se amarrou
                   G#7
Ela nos seus 22
            C#m7
Ele com 53
                        C#7
Imaginem só, vocês
                         F#m7
A notícia o que causou no local
                                     E
Hoje, ele volta arrependido
C#7                           F#m7
Depois de ouvir da Santina
           B7/9               E
Um discurso especial
                 F#m7
Foi até entrevistado
               B7/9                   E
Numa programa de televisão
                                   A7
Quando disse ser o único
      G#7         C#m7
Culpado da situação
                        F#m7
Seu Antenor chorou
G#7                C#m7
Dona Santina riu
                          F#7
Todo mundo se abraçou
                          B7
O auditório aplaudiu
                         F#m7
O final você não sabe
          B7                 E
A surpresa que causou
         C#7            F#m7
O programa no Ibope
           B7              E
Vinte pontos levantou




Download da faixa: Dona Santina e Seu Antenor

Download do álbum: Paulinho da Viola (1971)

Conheça a discografia de Paulinho da Viola:

Clique na imagem

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Narrativas da Identidade Nacional




É conveniente, antes de prosseguirmos a qualquer análise e apontamento, enunciarmos algumas definições, de caráter muito básico, com a finalidade de tornar o conteúdo desta exposição mais preciso.

IDENTIDADE

A identidade, segundo Mezan (1986), não é um elemento que cada um de nós possui ao nascer, é algo que adquirimos aos poucos, ao longo de nossa infância, de nossa educação, de nossa vida. Ela situa-se no ponto de cruzamento entre o que vem de nós, a saber, o equipamento psíquico com o que nascemos, e o que vem de fora, da realidade externa.

DIFERENÇA

A identidade é uma relação social, tanto quanto a diferença. Isso significa que tanto uma quanto outra estão sujeitas a vetores de força, a relações de poder. Incluir/excluir, demarcar “fronteiras”, classificar e normatizar são marcas desse processo de identificação e diferenciação.
A diferenciação, por definir quem é o “outro”, acaba sendo responsável pela construção ou produção da alteridade, já que o torna identificável, visível ou previsível. E mais ainda, ao separar, classificar, dividir, a diferenciação resulta na hierarquização, pois ao fixar uma determinada identidade como norma, atribui-se a essa identidade todas as características positivas possíveis, o que acaba resultando na avaliação das outras identidades como negativas. Em certa medida, é necessária a negatividade da diferença para afirmar a positividade e a normalidade da identidade.

ESTADO E NAÇÃO

Segundo Giddens (2001 apud Sobral, 2005 ), entende-se por estado o aparelho político que governa uma determinada ordem territorial, cuja autoridade se baseia na lei e que tem capacidade para usar a força.
Guibbernau (1999 apud Sobral, 2005) define nação como um grupo humano que possui a consciência de formar uma comunidade, partilhar uma cultura comum, ligada claramente a um território demarcado, ter um passado comum e um projeto comum para o futuro e reivindicar o direito de auto-governar-se. Nesse sentido, pode-se inclusive considerar a definição de nação como uma “comunidade imaginada”, já que para que exista, é necessário que um número considerável de pessoas de uma determinada comunidade se “imaginem” como integrantes dessa nação.
Ainda segundo Guibbernau (1999 apud Sobral, 2005), o sentimento de pertencer a uma comunidade em que os membros se identificam com um conjunto de valores, modos de vida, crenças, símbolos e que cultivam o desejo de decidir sobre um destino político comum é definido como nacionalismo.

IDENTIDADE NACIONAL

Entende-se por identidade nacional o estar consciente de pertencer a uma nação e atuar em consequência disso.
Com o surgimento dos Estados-nação, o Estado torna-se o gerente da identidade para a qual ele instaura regulamentos e controles.
Na formação dessa identidade nacional, fruto de uma “consciência” de nação ou de um “sentimento de pertencimento”, alguns elementos são acionados para representar essa nação e produzir significados: a língua, a raça e a história enquanto narrativa(s) homogeneizadora(s) foram e são essenciais para a construção das identidades, culturas e consciência nacionais, reforçando a internalização da ideia de pertencimento nacional.

TAL PAI, QUAL FILHO? NARRATIVAS DA IDENTIDADE NACIONAL

Edgar De Decca, em Tal pai, qual filho? Narrativas da identidade nacional, retoma a visão de Octávio Paz para afirmar que somos um projeto de utopia europeia, o novo mundo em que o futuro deveria ser construído e os laços com a tradição seriam desfeitos, até porque o “novo” não precisaria das amarras do “velho”. Para De Decca, aqui reside a matriz de nossa ambiguidade, ao se tentar elaborar um ideário nacional. Tal ambiguidade reside no fato de ora reivindicarmos a utopia imaginada pelo europeu, ora queremos negá-la.
Outro autor que se debruçou nas considerações de Octávio Paz foi Otávio Souza, em Fantasia de Brasil: as identificações na busca da identidade nacional. Nesta obra, cujo mote é a retomada da tradição freudiana de textos de investigação da cultura, o autor procura analisar a paixão brasileira pela busca da identidade nacional, principalmente entre os intelectuais. Uma das questões que Otávio Souza aponta nesta obra é como desinflar aquilo que foi a nossa posição fundadora, a de ser o projeto utópico da Europa. Ele afirma ainda que a Literatura Brasileira, em sua essência, nomeia uma série de atributos que qualificam o que deve ser tomado como verdadeiro na constituição do Brasil enquanto nação.
De Decca, por sua vez, considera que essa busca pela identidade nacional é produto do século XIX e está marcada pelo romantismo que fez com que a história brasileira passasse a condição de lenda familiar em que o mandato de colonizador é passado de pai (D. João VI) para filho (D. Pedro I), e de novo de pai (D. Pedro I) para filho (D. Pedro II). O autor diz que a identidade nacional é formada na ótica do branco europeu, homem que abandonou sua terra natal em busca desse novo mundo utópico. E dessa forma, excluindo outros personagens do processo de formação da identidade nacional, não há espaço para a voz do índio nem do negro.
O mesmo autor afirma que na obra “indianista” de José de Alencar, se construirá, através da exaltação da pureza da natureza brasileira, o palco em que se buscará esquecer o passado destruidor do europeu perante o massacre da cultura dos nativos e da própria natureza, em detrimento de um futuro conciliador entre o europeu e o índio. Resulta disso que tanto em Iracema quanto O Guarani a afetividade que pode existir entre dois povos tão distintos leva à superação de crises vividas por ambos.
Para Edgar De Decca, Os Sertões, de Euclides da Cunha, obra que ele considera uma das maiores da Literatura Brasileira, aponta as diferenças e exclusão social, denuncia crimes cometidos em busca da identidade nacional e propõe um (re) pensar sobre esse empreendimento.
Registre-se ainda que, além desses autores citados por De Decca, nomes como Paulo Prado, Joaquim Nabuco, Jorge Amado e Fernando morais, por exemplo, indicaram pontos negativos na busca pela formação da identidade do Brasil. Paulo Prado, em Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, defendera a revolta social como um avanço de consciência da elite e do restante da população; Joaquim Nabuco, em O Abolicionismo, destacara que qualquer mudança que provocasse uma transformação social deveria iniciar com o fim do regime escravocrata; Jorge Amado, em O Cavaleiro da Esperança, defendera a revolução proletária através de suas etapas necessárias; e Fernando Morais, em Olga, ressalta que devemos lembrar do sofrimento como arma política para consolidar um país como verdadeiramente democrático.
Não podemos nos esquecer de agregar ao fardo de todas estas obras anteriormente citadas, O Romance d’a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, em que a busca da identidade nacional é uma preocupação constante do narrador Quaderna. Segundo afirma Sônia Lúcia Ramalho de Farias, essa busca marca as inquietações filosóficas, políticas e literárias do narrador e de seus dois mentores intelectuais Clemente e Samuel, na tentativa de reinterpretar a história do Brasil. Para ela,
Todos eles procuram reinterpretar a história do Brasil, delineando o que julgam constituir o cerne da nacionalidade brasileira e os traços constitutivos da cultura e do caráter nacionais. (...) A obra de Quaderna constitui, na verdade, uma síntese conciliadora das concepções e dos estilos aparentemente antagônicos de Clemente e Samuel, figuras estereotipadas, de forma maniqueísta, e representativas no texto, respectivamente, do intelectual de esquerda (negro) e do intelectual de direita (branco).
Como vimos, esse problema da identidade nacional vem sendo discutido desde o século XIX. No passar do tempo, foi sendo abordado sob diferentes ângulos e ainda o será mais adiante. Há muito ainda o que se pesquisar e se discutir, e, evidentemente, este post se constitui apenas de poucos traços de um esboço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DECCA, Edgar Salvadore de. Tal Pai, qual filho? Narrativas da Identidade Nacional. In: BRESCIANI, Maria Stella; CHIAPPINI, Lígia (Orgs.). Literatura e Cultura no Brasil: Identidades e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2002. p. 15 – 27.

FARIAS, Sônia Lúcia Ramalho de. Ariano Suassuna: Espaço Regional, Cultura e Identidade Nacional. Disponível em: http://lfilipe.tripod.com/soniaramalho.htm. Acesso em: 12 de abril de 2013.

GRECCO, Priscila Miraz de Freitas. De una máscara a outra: A questão da identidade em El laberinto de la soledad, de Octavio Paz - A importância das revistas culturais no itinerário intelectual de Octavio Paz. Disponível em: http://anphlac.org/upload/anais/encontro8/priscila_miraz_freitas_grecco%20.pdf. Acesso em: 10 de abril de 2013.

MEZAN, Renato. Identidade e Identificação. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/identidadeidentificacao.html. Acesso em: 09 de abril de 2013.

NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Disponível em: http://www.culturabrasil.org/zip/oabolicionismo.pdf. Acesso em: 10 de abril de 2013.

SOBRAL, José Manuel. Pierre Bourdieu e o estudo da identidade nacional. Disponível em: http://www.ics.ul.pt/publicacoes/workingpapers/wp2005/wp2005_6.pdf. Acesso em: 09 de abril de 2013.