quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A Cheia

Na cabeceira do Rio Paraíba, o bolo d’água desarnou.
A tromba vinha de pé em pé, arrancando tudo que era mameleiro, algaroba, aveloz, juazeiro, cardeiro, vaca, jumento e até gente.
Compadre Celestino acordou com a cama boiando quase chegando à forquilha do Boqueirão.
Dona Inácia rezadeira tremia mais do que vara verde, amuntada na cumeeira da casa velha que boiava rio abaixo.
E o povo todo assustado, de portas e janelas abertas, com a luz fraca do candeeiro velho a alumiar na escuridão cinza daquele mundo d’água que caia em minha terra.
Eita cheia forte da gôta!
Autor: Kleber Brito

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A última batalha

Desceu a serra envenenado de raiva. Na mão direita, uma lança, na outra mão, uma adaga de osso. Arremeteu-se contra o primeiro português e, quando já lhe desferia o último golpe, um estampido irrompeu o ar, fazendo com que cessasse sua ira definitivamente.
Os brancos venceram.
Autor: Kleber Brito

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Convenção Pirata

A convenção estava animada. Barba Negra, Barba Ruiva e Barba Azul discutiam fervorosamente sobre qual barba era a mais imponente.
Quando Barba Rala entrou na taverna, os três riram muito dele, por causa da barbicha hedionda.
Horas mais tarde, após alguns barris de rum, caídos de bêbado, os três zombeteiros despertaram:
– Ei, quem raspou minha barba? – gritaram em uníssono.
Autor: Kleber Brito