segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Questão crônica.

QUESTÃO OU NÃO QUESTÃO? EIS A QUESTÃO.

Professor Kleber Brito

Sabe aquelas pragas que infestam uma planta e aos poucos, sem que o dono tenha tempo de tomar as devidas providências, se alastram pela lavoura toda? Pois é. Não pense que na língua falada ou escrita é diferente. Vez por outra, com o descuido dos milhões de cultivadores das palavras, uma moda se incorpora na língua “e aí já era!”.

Talvez você já tenha se contaminado com a praga da “questão”. E, de repente, quando você tentava transmitir uma informação mais bem elaborada ou mesmo num momento informal, a “questão” aparece.

Eu explico melhor. Dois amigos conversam sobre a política brasileira:

- Como você entende a questão do aumento salarial dos professores?

- A questão não é essa. A questão é que muito se tem falado na qualidade da educação...

Viu? Percebeu o nódulo? Não? “Pera aí”!

- Professora, e a questão das drogas nas comunidades?

- Querida, os traficantes são os grandes responsáveis, mas a questão da polícia combater é outro problema.

Dos feirantes aos professores universitários, a questão tem tomado conta de tudo. Recentemente, em uma palestra a mediadora soltou essa:

A sociedade precisa pensar na questão da criança hoje.

Ela poderia ter dito “A sociedade precisa pensar na criança hoje”; ou “A sociedade precisa pensar nos problemas que as crianças enfrentam hoje”; ou ainda “A sociedade precisa pensar na condição da criança hoje”. Mas ao invés disso, não, claro que não! Ela enfia a questão no meio.

Acho que meu bom leitor entendeu a questão[1], digo, o problema. Não é mesmo?

Enfim, como não é uma questão digna de um debate acadêmico, é melhor partir para outra questão, pois esta já está se tornando uma questão repetitiva. Porém, como ninguém se importa com essa questão, é melhor abordar a questão das enchentes, a questão da política, a questão do aquecimento global além de outras questões.

Qual a próxima questão a ser discutida?



[1] “Danou-se que a questão impregnou no meu texto também!”

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