Chegou o fim do ano, estamos no último mês. E para nós, professores, é um misto de felicidade e preocupação.
Felicidade, porque o ano letivo finda e com ele cessam os registros nos diários, o preenchimento de notas, o planejamento semanal de atividades, as reclamações dos pais de que seus filhos não são suportáveis em casa e que devem sê-lo na escola, aquele lenga-lenga de "Desliga o celular!", "Ponha no modo silencioso!" etc; cessam ainda as correções de atividades, de trabalhos escolares, de revisões de textos ilegíveis (na tentativa de encontrar algum sentido). Puxa, vida de professor não é o que você imagina!
Por outro lado, fica ainda uma pontinha de preocupação com os alunos; com os "bons" alunos e com os "maus" alunos.
Recentemente li um artigo de um escritor paranaense que tratava desse assunto e fiquei intrigado na semelhança da realidade que ele descrevia com a que estou inserido. Ele falava que muitas vezes os alunos que consideramos "bons" como os caladinhos ou os quietinhos não são necessariamente bons, na perspectiva da aprendizagem efetiva. Segundo esse escritor, muitos desses alunos não atrapalham "o bom andamento da aula", mas também não contribuem com a aula para o desenvolvimento das habilidades e competências exigidas pelo TRIBUNAL SUPREMO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. E há ainda aqueles "benditos" alunos que passam a aula toda conversando, inquietos, e que muitos julgam como "maus" alunos, mas que têm uma capacidade criativa enorme e um potencial de desenvolvimento cognitivo superior ao do próprio professor.
Isso me fez refletir sobre minha atuação por todo esse ano que passou. Fui um bom filho? Fui um bom amigo? Fui um bom irmão? Fui um bom cidadão? Fui um bom professor? Silêncio...
Mas enfim, estou feliz porque cessam as atividades todas e tenho um pouco de paz para relaxar na companhia de parentes e amigos. Contudo, martela na minha mente se eu cumpri o papel de que me incumbiram: Contribui para a formação ou transformação do senso crítico dos meus alunos? Consegui fazer com que eles valorizassem e respeitassem a cultura, a língua e o pensamento do outro? Será que, por meu intermédio, eles passaram a ler mais, a escrever mais, a gostar de literatura e a apreciar música de qualidade?
A resposta é "NÃO SEI!". Não dá pra saber agora. Talvez um dia, quando eu morrer, alguém venha a colocar na lápide fria, ou em uma faixa memorável "PARABÉNS, PROFESSOR! VOCÊ CUMPRIU SEU PAPEL!". Talvez não.
"D'estar"... Ano que vem recomeço.
Sugestão de leitura: "O elefante"
Nenhum comentário:
Postar um comentário