terça-feira, 6 de setembro de 2016

MANUEL BANDEIRA - EXERCÍCIO

Questão 1
Leia o poema a seguir para responder a questão que segue.

Não sei dançar
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
(...)
 
(Libertinagem, Manuel Bandeira)

Sobre os versos transcritos, assinale a alternativa incorreta:
(A) A melancolia do eu-lírico é apenas aparente: interiormente ele se identifica com a atmosfera festiva do carnaval, como se percebe no tom exclamativo de "Eu tomo alegria!"
(B) A perda dos familiares e da saúde são aspectos autobiográficos do autor presentes no texto.
(C) A alegria do carnaval é meio de evasão para eu-lírico, que procura alienar-se de seu sofrimento.
(D) O último verso transcrito associa-se ao título do poema, pois o eu-lírico não participa, de fato, do baile de carnaval.
(E) O eu-lírico revela, em tom bem-humorado e descompromissado, ser uma pessoa exageradamente sensível.

Questão 2 (Enem 2011)

Estrada
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para

(A)    o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade. 
(B)    a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural. 
(C)    a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude. 
(D)    a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança. 
(E)    a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

Questão 3 (Enem 2006)

Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu
[corpo, com a sua cara.
A moca olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente e criança e de
[repente vê uma lagarta listrada?
A moca se lembrava:
— A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moca arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

No poema de Bandeira, poeta modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época

(A) a reiteração de palavras para a construção de rimas ricas.
(B) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.
(C) a simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
(D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
(E) o recurso ao dialogo, gênero discursivo típico do Realismo.

Questão 4 (Enem)

 “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRAManuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)

Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:

(A)    Critica o lirismo louco do movimento modernista.
(B)    Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
(C)    Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
(D)    Propõe o retorno do movimento romântico.
(E)    Propõe a criação de um novo lirismo.


Questão 5

Leia os fragmentos a seguir, extraídos, respectivamente, dos poemas “Profissão de fé”, de Olavo Bilac, e “Os sapos”, de Manuel Bandeira, e assinale a alternativa incorreta.

Fragmento 1

(...)
Invejo o ourives quando escrevo:
imito o amor
Com que ele, em ouro,
 o alto-relevo Faz de uma flor.
 (...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
(...)

Fragmento 2

Urra o sapo-boi:
- 'Meu pai foi rei' – 'Foi!'
- 'Não foi' – 'Foi!' -'Não foi!'

Brada um em assomo
O sapo-tanoeiro:
- 'A grande arte é como o lavor do joalheiro

Ou bem do estatutário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo'.

(A)    No poema de Olavo Bilac, o eu lírico compara o trabalho do poeta com o do ourives, professando a crença parnasiana de que o grande poema é resultado de um minucioso trabalho do poeta com as palavras, as quais devem ser cuidadosamente selecionadas e combinadas segundo uma lógica pré-estabelecida.
(B)    O poema de Manuel Bandeira, escrito em 1918 e lido em uma das noites da Semana de Arte Moderna, empreende uma intensa crítica aos poetas parnasianos que defendem uma linguagem excessivamente formal, prendem-se a regras pré-estabelecidas ligadas à metrificação, às rimas e aos temas clássicos.
(C)    O poema de Manuel Bandeira reforça a estética defendida no poema de Olavo Bilac. Pode-se observar isso no verso "A grande arte é como o lavor do joalheiro", o qual, no contexto em que está inserido, sintetiza a apologia parnasiana da forma.
(D)    Em "Os sapos", Manuel Bandeira põe em prática os ideais da estética modernista não apenas quando critica o modo de poetar dos parnasianos, mas também quando se vale da linguagem coloquial, da sintaxe simples e direta, além de versos livres e do tom leve e bem humorado.
(E)    Os textos de Olavo Bilac e de Manuel Bandeira expressam pontos de vista bastante diferentes no que se refere ao ofício do poeta. No poema deste último, o sapo-tanoeiro simboliza os parnasianos, cuja concepção poética é intensamente ironizada.

Questão 6 (Profkbrito 2015)

Momento num café – Manuel Bandeira

Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.

Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta

No poema acima transcrito, Manuel Bandeira nos apresenta uma visão desencantada do mundo e da humanidade, evidenciada principalmente no verso:

(A)    “Quando o enterro passou”
(B)    “Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade”
(C)    “Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado”
(D)    “Estavam todos voltados para a vida”

Questão 7 (UFMG)

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação  INCORRETA:

(A)    A atitude do homem atento ao enterro reduplica a opinião do eu lírico sobre a relação vida/morte.
(B)    O poema expressa uma visão materialista e irônica do mundo ao inverter a relação tradicional entre a alma e o corpo.
(C)    Um dos componentes estruturantes da lírica de Bandeira, presente no poema, é a percepção linear dos elementos do mundo.
(D)    Um traço fundamental da lírica de Bandeira, presente no poema, é a abordagem de temas universais a partir de elementos do quotidiano.

Questão 8 (Profkbrito 2015)

No poema “momento num café”, os versos “E saudava a matéria que passava” e “Liberta para sempre da alma extinta” revelam:

(A)    o caráter prosaico da poesia de Manuel Bandeira.
(B)    O entendimento do autor de que a alma é imortal.
(C)    a visão da morte como o fim do corpo e da alma.
(D)    a compaixão do autor pelo sofrimento causado pela morte.

Questão 9 (Profkbrito 2015)

Leia o trecho e marque a alternativa que melhor interpreta este trecho

“Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.”

(A)    O poeta procura fixar esta palavra em nossa cabeça ou quer mostrar que naquelas cabeças presentes naquele café não havia espaço para a morte.
(B)    Todos os pensamentos  estavam concentrados na vida daquele que passava sendo levado no caixão.
(C)    O poeta percebe que há, entre os homens ali presentes, alguns que provavelmente não tiraram o chapéu de forma programada.
(D)    A repetição do termo vida é indício de uma tentativa mal sucedida de rima.

Questão 10 (Profkbrito 2015)

“Do rio... E esta saudade é boa como um sonho!
E esta saudade é um sonho... Evoco-te... Componho
O ambiente cuja luz os cabelos douram.”
Manuel Bandeira

Na estrofe acima, quantas orações temos?
(A)    3 orações;
(B)    4 orações;
(C)    5 orações;
(D)    6 orações.

Questão 11 (Profkbrito 2015)

Analise o trecho “(...) Componho O ambiente cuja luz os cabelos douram.”

(I)                  O verbo “douram”, por concordar com “cabelos” foi usado adequadamente nesta sentença.
(II)               O verbo “douram” não apresenta concordância adequada, uma vez que é a luz que doura os cabelos, e não o contrário.
(III)             A concordância inadequada revela a incapacidade dos autores modernistas em escrever de acordo com a norma padrão do português.
(IV)             A concordância foi ignorada, haja vista a liberdade modernista se aproximar da fala coloquial.

Estão corretos os itens:

(A)    I e II, apenas.
(B)    I e III, apenas.
(C)    II e III, apenas.
(D)    II e IV, apenas.
(E)    I e IV, apenas.

Questão 12 (Profkbrito 2015)

“Do rio... E esta saudade é boa como um sonho!
E esta saudade é um sonho... Evoco-te... Componho
O ambiente cuja luz os cabelos douram.”
Manuel Bandeira

A estrofe acima é composta por:
(A)    4 períodos: 3 simples e 1 composto.
(B)    4 períodos: 2 simples e 2 compostos
(C)    5 períodos simples.
(D)    2 períodos compostos.

Questão 13 (Profkbrito 2015)

Se fosse dor tudo na vida
Seria a morte o grande bem.”
Manuel Bandeira

O termo em destaque nos versos acima apresenta o mesmo valor morfossintático e semântico em:

(A)    “Que ao se mostrar às vezes boa, / Ela requinta em ser cruel...”
(B)    “Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo, / Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.”
(C)    “Morrem as rosas. Minhas pálpebras se molham.”
(D)    “Sobre a mesa, pétala a pétala se esfolham, / Morrem as rosas...”

Questão 14 (Profkbrito 2015)

Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.”
Manuel Bandeira

Julgue os itens a seguir.

(I)                  O trecho sublinhado é uma oração coordenada assindética.
(II)               O trecho em negrito é uma oração condicional introduzida pela conjunção “se”.
(III)             O trecho em negrito é parte constituinte de uma oração proporcional.
(IV)             O trecho em itálico é uma oração coordenada sindética aditiva.

Estão corretos os itens:

(A)    I e II, apenas.
(B)    I e III, apenas.
(C)    II e III, apenas.
(D)    II e IV, apenas.
(E)    I e IV, apenas.

Questão 15 (Profkbrito 2015)

“Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.”
Manuel Bandeira


(A)    Dos termos destacados, apenas o primeiro pode ser classificado como pronome.
(B)    O segundo e o terceiro “a” referem-se ao termo “mais” em cada uma das ocorrências.
(C)    A coesão referencial só não está adequada com o uso do termo “lhe”.
(D)    Dos termos destacados, “a” é artigo em todas as ocorrências e “lhe” é pronome.
(E)     Excetuando-se o primeiro “a”, os demais termos são pronomes e referem-se ao vocábulo “vida”.

Leia o texto a seguir para responder às questões 16, 17 e 18.

Cantadores do Nordeste

Anteontem, minha gente, 
 Fui juiz numa função 
De violeiros do Nordeste. 
Cantando em competição, 
Vi cantar Dimas Batista 
E Otacílio, seu irmão. 
Ouvi um tal de Ferreira, 
Ouvi um tal de João. 
Um, a quem faltava o braço, 
Tocava cuma só mão; 
Mas, como ele mesmo disse 
Cantando com perfeição, 
Para cantar afinado, 
Para cantar com paixão, 
A força não está no braço: 
Ela está no coração. 
Ou puxando uma sextilha 
Ou uma oitava em quadrão, 
Quer a rima fosse em inha
Quer a rima fosse em ão
Caíam rimas do céu, 
Saltavam rimas do chão! 
Tudo muito bem medido 
No galope do sertão. 
A Eneida estava boba; 
O Cavalcanti, bobão, 
O Lúcio, o Renato Almeida; 
Enfim, toda a Comissão. 
Saí dali convencido 
Que não sou poeta não; 
Que poeta é quem inventa 
Em boa improvisação, 
Como faz Dimas Batista 
E Otacílio, seu irmão; 
Como faz qualquer violeiro 
Bom cantador do sertão, 
A todos os quais, humilde, 
Mando a minha saudação. 

Manuel Bandeira
(Estrela da vida inteira, p.256-257)

Questão 16 (Profkbrito 2015)

O poema acima, que faz parte de Estrela da Tarde, de 1958, é exemplo do reaparecimento do metro popular na obra de Manuel Bandeira. Também apresenta influência da cultura popular os versos:

(A)    “Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos./
A vida inteira que podia ter sido e que não foi./
Tosse, tosse, tosse.”
(B)    “Levou tempo para cair fôlego./ Bambeava, tremia todo e mudava de cor./ A molecada da Rua do Sabão / Gritava com maldade:/ Cai cai balão!”
(C)    “Estou farto do lirismo comedido / Do lirismo bem comportado / Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente / protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.”
(D)    “Quando a Indesejada das gentes chegar / (Não sei se dura ou caroável), / talvez eu tenha medo. / Talvez sorria, ou diga: / — Alô, iniludível!”

Questão 17 (Profkbrito 2015)

O poema “Cantadores do Nordeste”:

(A)    Reforça o estereótipo de que os cantadores são poetas de menor categoria que os modernistas, pois aqueles só fazem rima com “inha” ou com “ao”.
(B)    Utiliza a métrica tradicional e os elementos musicais da cantoria de viola para exaltar os cantadores nordestinos e sua rica poesia feita na hora, “de repente”.
(C)    Apresenta a incapacidade do poeta em escrever seus poemas com métrica tradicional, o que o fez escolher ser modernista.
(D)    Mostra um Manuel Bandeira descuidado com a gramática tradicional, pois escreve “Cuma”, “quadrão” e repete o “não” no verso “Que não sou poeta não”.

Questão 18 (Profkbrito 2015)

Em “Mas, como ele mesmo disse / Cantando com perfeição, / Para cantar afinado, / Para cantar com paixão, / A força não está no braço: / Ela está no coração.”, o termo destacado refere-se à palavra:

(A)    “perfeição”.
(B)    “paixão”.
(C)    “coração”.
(D)    “força”.

Gabarito:
1.a; 2.b; 3.b; 4.e; 5.c; 6.b; 7.d; 8.c; 9.a; 10.c; 11.e; 12.a; 13.b; 14.b; 15.e; 16.b; 17.b; 18.d.

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