quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O CASO DO FRANGO E A POLÍTICA LOCAL


Esperem! (risos) Deixem eu me conter um pouco, pois toda vez que me lembro desse episódio me dá vontade de rir. Pronto!
Foi assim... Certa feita eu estava na escola em que leciono confeccionando alguns adereços para os alunos usarem no desfile cívico da Independência do Brasil aqui na minha cidade. Estava conosco a diretora adjunta da escola e mais uns dois funcionários. E em "meio a muitas conversas" falou-se em comida, na merenda dos alunos, na "merendinha" dos professores etc. Quando eu tive a infelicidade de falar:
- Cadê o frango?

Assim descontextualizado não ofenderia a ninguém, por se tratar de uma simples pergunta. Porém eu, inocente, não sabia que alguns dias antes um frango da merenda havia resolvido brincar de esconde-esconde. Por causa dessa brincadeira sem graça do frango, algumas senhoras começaram a sugerir que o mesmo havia sido "sequestrado"; e haja desconfiança. Pois bem, vocês sabem como é fofoca: conversinha aqui; papinho ali; piadinha lá e tal...

Nisso, voltando a minha frase descontextualizada, eu acabava de falar que eu já não aguentava mais comer frango com arroz na merenda, pois o frango estava sendo não muito bem temperado. Foi então que eu disse:
- Vixe. Eu não aguento mais frango... E por falar nisso... Hoje não tem frango, tem? Cadê o frango?

Meus queridos, uma das senhoras envolvidas com a boataria do sequestro do frango entrou na sala em que estávamos, ouviu a conversa pela metade (ou melhor, pela cauda) e foi logo dizendo:
- Vá se danar você e o frango. Pois esse frango está lá nos quintos do inferno. O frango foi pro inferno. Porque o inferno... e o inferno... muito embora o inferno...

Meu amigo, foi tanto inferno que tava faltando dono para administrá-los. Nem se todos os políticos corruptos do Brasil morressem hoje iriam dar conta. Cada um ia ter mais de dez infernos para administrar.

Enfim, esse incidente me levou a refletir como é a politiquice de cidade de interior em tempos de tecnologia, internet e redes sociais. Um inferno? Não! É parecido, mas não chega a tanto. Um cidadão Zé Taboca cria um perfil no twitter e escreve que na rua dele o vizinho jogou uma bolsa de lixo e um molho de mato, capim, uma cacaria grande e o carro da coleta passou e não levou tudo. Ele só tem meia dúzia de seguidores, mas anunciaram nas bodegas que ele estava falando mal dos administradores e pronto, passou a ser o alvo principal das fofocas nos setores públicos. 
Zé Taboca agora é o inimigo público número dois. Se ele põe uma foto no facebook, todos os babões civís e militares correm para ver se é oposição. Até quem se dizia seu amigo, se afastou "por motivos políticos". Até um tal de Chico Rola-Bosta, que não tem nada a ver com a história, criou um blog e permitiu que a banda ruim da população fosse lá escrever sobre a vida de todo mundo, e a culpa sobrou pra quem? 

Coitado do Zé Taboca. E ele nem gosta de frango.

2 comentários:

  1. Professor Kleber,li algumas pérolas que escreveste,gosto muito do seu senso quando escreves,acho até que tens um ardor jornalístico e como sugestão poderia acrescentar ao seu currículo mais um talento.
    Parabéns!

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  2. E por falar em frango (e em política), se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lesse este texto, certamente entoaria sua frase antológica: "O que importa é que a partir do plano real, o brasileiro passou a comer mais frango!".
    Parece, então, que surge aqui uma equação:
    FRANGO x POLÍTICA = FOFOCA E VERBORRAGIA
    FOFOCA E VERBORRAGIA + USO SUPERFICIAL DE NOVAS MÍDIAS = INFERNO
    Mas como até mesmo os infernos são passageiros, o período eleitoreiro passa e todos (ou quase todos) voltam às suas passividades indolentes...
    Quem nos dera os infernos não fossem passageiros...

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