Tarde chuvosa, vinho, jazz e a imaginação viajando fora de mim.
Busquei em uma lista que fiz num caderno velho alguns dos assuntos sobre os quais pretendo escrever uma "croniqueta". Achei que poderia ser a hora de escrever sobre o anonimato nos posts de blogs, e isso, amigos, é uma "faca de dois legumes" ou "a luz anal dos vagalumes".
Sempre que leio algumas notícias em sites diversos, ou mesmo nos inumeráveis artigos que fuço por dia, vejo muitos comentários. Alguns são ácidos, outros melosos, elogiosos, frescos, retóricos, pleonásticos. Contudo o que me deixa tecendo impropérios é o medo de se expor que muitos têm, ou melhor, a falta de personalidade, por que "medo de exposição" eu também tenho, principalmente no que tange a assuntos polêmicos, ou que exija uma pitada de "politicamente correto" (tipo de condimento que às vezes deixo de usar).
Recentemente, num desses "bloguetezinhos" que tem por ai, internet a dentro, li uns comentários de leitores insatisfeitos com a gestão pública de um município paraibano e observei o nível de inteligibilidade desses posts. Um se identificava como "A verdade", outro como "A mudança", outros como "Zé", "Maria", "safado", "moleza", "O-culto", "A missa", "farinha" e por ai vai; porém o que quero enfocar é a "liberdade" de ferir, caluniar, difamar quem que seja. Evidentemente, não sou a favor da internet controlada, da ditadura das comunicações, mas isso também não é admissível.
O sujeito entra no blog (que já é "anônimo" por assim dizer, pois muitas vezes nem o diabo sabe quem é o "cabeça" por trás daquilo ali), vai lá e escreve "O filho de fulana é ladrão". Outro cidadão que não tem nem conhecimento de quem sejam fulana e seu filho, vê aquilo ali exposto e manda uma resposta passando-se pelo filho indignado. Vem outro e se faz passar por Fulana inconformada e chama "Zé do cabaço" de babão. Outro sujeito, que quer ver o circo pegar fogo, atiça a briga e escreve que "Ciclano afanou o pedaço do envelope da camisinha que Beltrano usou para...". Danou-se. Não tem limites.
É isso! Em casos de denúncia genuína, via telefone, via internet, o anonimato protege àquele que visa pelo bem comum ou pela vida do semelhante. Entretanto, nesses casos, qualquer um escreve qualquer coisa e se acha o "top" da cidadania. E ainda deve pensar consigo "Eu sou a voz que clama no deserto" da impunidade. "Ah, coitado", é apenas mais um idiota segurando uma tocha numa sala de pólvora.
É como em certas plateias de eventos importantes, nas quais algumas pessoas urram, gritam "viado!", vomitam ignorância e (lamentavelmente) ingerem porções de algo cujo sabor varia entre um descaso político e a isenção prepotente do povo, e que alguns ignorantes costumam chamar de "safadeza".
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