sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

NÃO POSSO FALAR? ESCREVO.


Desconfie! Desconfie sempre! Principalmente se um dia você ouvir falar, ou vir um grupo de jovens (e/ou de adultos) - que há muito tinham suas vozes contidas, suas produções arquivadas, seus impulsos criativos lacerados pela falta de incentivo, pela falta de apoio - se revolverem e se impuserem como uma espécie de "câncer" bom (não encontrei termo melhor para exprimir a teimosia) e criarem "com dores de parto" uma espécie de núcleo cultural de tamanha efervescência e ousadia que nem a Paraíba havia ousado até três anos atrás.

Umas pessoas enxeridas que de "miúdas" se fizeram grandes, expandiram suas linhas demarcatórias e puseram no horizonte distante da literatura seu foco e seus sonhos e voilà: "Eis ai a 3º FLIBO!" Ou nas palavras de Toulouse Lautrec "Eis o belo vinho!".

Sei que alguns poderão dizer "Ele está falando isso porque faz parte desse núcleo.". E é justamente pelo motivo contrário que o faço: por não ser da ABES, hoje, posso sim falar sem estar "puxando a brasa" para o meu lado. Vejam só. Como estava o real incentivo à produção escrita e à leitura em Boqueirão, Paraíba? Como Boqueirão era vista lá fora, nas universidades? Como uma cidade que tem um açude? Que tem peixes? 

Quanta diferença ser reconhecida como uma cidade cultural, ou uma cidade em que há o desabrochar da literatura no Cariri. 

E tudo isso começou sem incentivo, sem sede própria (o que ainda não tem), sem um investimento substancial dos poderes públicos, com parcas doações, sem reconhecimento dos grandes produtores de cultura e literatura da Paraíba. E hoje, o que se tem a dizer? A ABES tem apoio? Muito pouco. Ainda são guerreiros que fazem de tudo, que "contam as moedas", sobretudo sonham e perseguem o sonho. A palavra é VITÓRIA. Consolidação das bases. 

A FLIBO está aí, dando orgulho aos que sabem REALMENTE o que significa EDUCAÇÃO e CULTURA. Àqueles que mesmo forçados a calarem-se têm suas vozes reproduzidas pelas vozes líricas desses autores e autoras que investiram o pouco e colhem abundantemente. 

Enfim, resumindo, rememoro as palavras do nosso Senhor “E dizia-lhes: na verdade, a seara é grandemas os trabalhadores são poucos...” (Mt 9.37). Parabéns a todos da ABES! E a vocês, queridos leitores, desconfiem sempre deles (destes notáveis expoentes da literatura boqueirãoense), pois eles podem te sequestrar e te levar para um mundo velho-novo, para o imponderável mundo da leitura.

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