Século XXI. Muito se foi conjecturado nas últimas décadas do século passado sobre quão avançada seria a sociedade do século posterior. E vimos, certamente, um grande avanço tecnológico, sobretudo nas comunicações.
Muito embora tenhamos hoje uma estrutura de rede que engloba telefonia móvel, internet, redes sociais, telecomunicações, fibra ótica, nanotecnologia, robótica e o diabo a quatro, além suas mais diversas práticas de produção oral, escrita, leitura, hipertextos e uma alta complexidade no gerenciamento e na segurança das informações, estamos, contraditoriamente, emburrecendo.
Não é desconhecida aqui no Brasil a cultura massiva do idiotismo. Não apenas aquele idiotismo das figuras de linguagem quando da tradução literal de expressões de outro idioma que não fazem sentido algum no nosso. Sobretudo esse idiotismo das traduções de português para português das inúmeras canções (se é que se pode chamar esses aglomerados sonoros de canções) comerciais que a mídia faz questão de expor e atribuir um valor que não tem. Não quero culpar a mídia, nem o posso, pois ela só comercializa aquilo de que o comprador, nesse caso as grandes massas, tem necessidade.
Mesmo após muito esforço, não consigo compreender como funciona a cabeça daqueles que divinizam o funk e o forró de plástico como se fossem uma super-arte. E entendo sim, que haja um vazio intelectual semeado há algumas décadas pelos modelos socialistas de educação. O problema começou na escola.
Isso tudo parece ter gerado um anti-intelectualismo que contamina dos baixos aos médios, quiçá aos grandes setores da sociedade moderna. Nosso falho sistema de ensino aliado à mídia esquerdista parecem ter arrolado um sem número de argumentos de ideologias pragmatistas, populistas e fascistas de modo a mobilizar as pessoas menos instruídas contra os eruditos e seus trabalhos. A base desse pensamento centra-se na ideia de que os intelectuais não têm uma função econômica e suas ideias dão apoio dissimulado à forças políticas oposicionistas ou revolucionárias e, por isso, precisam ser caladas ou ao menos estar na folha de pagamento estatal como forma de controle ("Controle o dinheiro e controlarás o homem" - grande provérbio moderno).
Sendo assim, ai do "metido a sabido" que ousar falar mal desse ou daquele estilo musical que faz apologia à cachaça ou ao "rapariga e cabaré", ou mesmo o "atoladinha", "as novinha" etc. É proibido pensar contra tais manifestações superiores de cultura. Taí! Criou-se uma casta.
Não quero parecer estar desiludido com o mundo, pois não estou. Sei que estamos vivendo um período de distopia. É inegável a presença totalitária do Estado que se diz laico e que se faz cada vez mais inquisidor e opressivo. Em pouco tempo, meu amigo, se tornará possessivo.
Nessa altura do texto você me pergunta: "E o que a tecnologia tem a ver com isso?". É simples: a tecnologia é usada como ferramenta de dominação e controle absoluto, seja do Estado brasileiro ainda "pré-totalitário" seja das instituições ou das grandes corporações. A grande característica dessa distopia brasílica é indubitavelmente a exploração da estupidez coletiva, coisa que a política nacional continua a alimentar ano eleitoral após ano eleitoral. Você sabe disso. Não feche os olhos, o Big Brother está aí na sua frente, na sua tela. Mas você tem um celular de última geração, um tablet, um ipod e, cá entre nós, está tudo muito bom, não é?
* A imagem do post está no blog Risco de vapor.
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