segunda-feira, 29 de julho de 2013

Uma simples história de amor (Parte II)

Alguns meses se passaram, a dúvida que antes habitava meus pensamentos deu lugar à certeza de que eu nutria um sentimento forte por aquela garota. Passei a frequentar sua casa mais vezes para jogar Scotland Yard, War, ou outro jogo qualquer. Fiquei algumas vezes para jantar, assistir a algum filme, conversar, contar histórias, piadas... Ela ia quase todo dia para o Curso de Espanhol e eu, às vezes, quando saía da escola onde lecionava à noite, esperava-a só para conversar. A nossa amizade foi ficando cada vez mais forte.

Até que um dia, ouvi um rumor de um aniversário de uma amiga dela em que, evidentemente, ela iria. E eu, pelo orgulho besta de não ter sido convidado pessoalmente pela aniversariante, relutei em aceitar o convite para acompanhá-la. No dia do aniversário, cheguei cedo a casa dela, como quem não quer nada, e fiquei por ali, sondando. Conversando uma besteirinha aqui, outra acolá, com algumas pessoas que lá estavam.


Fotos tiradas pouco antes de ela 
sair para o bendito aniversário


Ela estava linda. Uma princesa. E mal notei o que os outros diziam. Tiramos algumas fotos juntos, um prenúncio de muitas outras que viriam. Ela teve que sair pra festa de aniversário com os amigos e eu tive que voltar pra casa remoendo uma dor que eu não queria admitir. Estava apaixonado.

No dia seguinte, logo pela manhã me flagrei pensando nela. Almocei com aquela dúvida: será que ela encontrou alguém na festa que correspondeu àqueles sentimentos tão puros que ela traz guardados em seu coração?

Viajei para uma cidade próxima para auxiliar nas atividades musicais de uma congregação Batista, mas só Deus sabe como meu coração ficou ansioso. Orei veementemente para que o Senhor me respondesse se deveria ou não confessar a ela que estava arrependido e que a queria por namorada. Voltei para minha cidade na carroceria de uma caminhoneta, olhando para as estrelas e indagando quando seria que, afinal, eu descobriria o amor verdadeiramente. 



Enfim, chegamos. Era quase 22:00 horas e juntamente com os irmãos batistas fui guardar o equipamento. A ansiedade me consumia. Um pulsar forte se apoderara de mim. Deu vontade de correr até a casa dela e declarar o que eu estava sentindo. E eu o faria, não fosse um gentil irmão que me ofereceu carona para casa. E eu disse a ele que não iria para casa, mas que aceitava a carona até certo local. Sorte a minha que o motorista morava bem próximo a casa dela.

Ela havia esperado desde cedo que eu fosse até lá. Esperou, esperou, e quando ela já estava entrando e fechando a porta, eis que a caminhoneta passa em frente a casa dela e eu salto da carroceria em que eu estava segurando, corro em direção a ela e pergunto se ela já iria dormir.

Não me recordo se o brilho maior era nos meus olhos ou nos dela. Só sei que conversamos ali mesmo na área. Eu estava nervoso como nunca estive. Confessei meu erro em achar que ela era muito jovem e que seria apenas um amor juvenil. Olhei para ela e perguntei se ela queria ser minha namorada. Ela parece não ter acreditado no momento. Logo me disse que se eu assim o quisesse teria que pedir à mãe dela.

Assim o fiz. Ela chamou a mãe, que ficou em pé na parte de dentro da casa, junto à porta. Eu disse:
– Quero namorar a sua filha! – O sangue sumiu das minhas veias. Ela disse: – É isso que você quer, Rute? – E ela:
– Sim, mainha.
– Pois então, eu permito!

Eu confesso a você, meu querido leitor, que eu não sabia o que fazer naquela hora. Olhei pra frente, pra baixo, para as minhas mãos, para as dela, para aqueles lindos olhos e um sorriso radiante guardado e que se esgueirava pelo canto da boca. Que se aproximou da minha, nossas mãos se encontraram, nossas almas se tocaram e nos beijamos inundados de um sentimento ímpar de felicidade, afeto e respeito. Foi o primeiro de muitos beijos como eu nunca havia dado ou recebido. Foi divino aquele momento (e tem sido até hoje o nosso casamento e continuará sendo).

Já no dia seguinte, eu sempre muito sério no trabalho, deixei-me flutuar ao vê-la entrar na sala de aula. Trocamos sorrisos. E a cada dia do ano letivo de 2008 e no ano seguinte, todos viam o nosso amor aumentar e se alegravam conosco, nos apoiando, e sentindo conosco esta imensa felicidade de sermos um.

Concluintes 2009 
Tornamo-nos grandes amigos.

Foi no mês de março que preparamos uma surpresa para o aniversário dela. Sua mãe e irmãs, nossos amigos e eu.

Mas isso é uma outra história...




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