Prazer conhecê-lo, me chamo Kleber Gomes de Brito. Gomes por parte de mãe e Brito por parte de pai. Como existem outros “kleberes” acabei ficando conhecido por muito tempo como Kleber de João de Nequinho (muitos ainda usam esse recurso). Nequinho? Curioso, não? Bem, já explico. Meu pai é João Macedo de Brito, filho de Manoel Vicente de Brito; Manoel conhecido por Maneco ou, no diminutivo, pelo fato de meu avô ter sido baixinho, Manequinho, reduzido para Nequinho. Como havia outros “joãos”, ele acabou ficando “de Nequinho” para distinguir-se do João de Pedra D’água, do João de Pirauá, do João de Seu Alfredo, do João de Pedro Félix, dentre tantos.
Sou professor, e devido a isso agregou-se ao meu nome o "Professor". Como Professor Kleber Gomes de Brito é um pouco extenso, acabou ficando Professor Kleber Brito. E passo a pergunta a você: qual é a sua história, o seu antropônimo? Pronto! Agora danou-se! E o que é um antropônimo?
Antropônimo não é uma palavra comum, dessas que ouvimos nas rodas de conversas, nas anedotas ou nos desenhos animados, mas está presente em nossas vidas desde antes de nosso nascimento. Vem do grego e significa Nome de homem, mulher ou de ser personificado (nomes, sobrenomes, apelidos e alcunhas). É, portanto, o nome próprio para designar um ser humano, distinguindo-o na sociedade. Isso mesmo, você tem um antropônimo e pode se orgulhar disso.
O Poder do nome
Os antigos egípcios acreditavam que o nome pessoal era mais que um signo de identificação. Para eles, um nome era uma dimensão do indivíduo. Eles acreditavam no poder criador e coercitivo do nome. O nome seria, nessa concepção, uma coisa viva, por estar, simbolicamente, carregado de significação.
Na sociedade tupi-guarani, quando uma criança é "batizada", junta ao seu nome, o de um dos três protetores espirituais da tribo, que seria equivalente ao sobrenome e que vai nortear a sua linhagem, protegendo-a das intempéries da vida terrena.
Em algumas culturas, por acreditarem na especial ligação do nome com a pessoa cognominada, conhecer o nome de alguém ou escrevê-lo em algum lugar em rituais de magia - dependendo das intenções de quem o faz - pode ser benéfico ou não à pessoa nominada, por força do dinamismo simbólico que a liga ao nome.
Para os numerólogos, a escolha de um nome pode influenciar na vida de uma pessoa. Eles dizem que a grande maioria das pessoas não tem essa compreensão e escolhem nomes com significados pouco favoráveis, o que faz com que a pessoa tenha problemas durante a vida toda.
Acreditam que a escolha de um nome é uma tarefa que requer muita responsabilidade e que todas as pessoas deveriam fazer um estudo do significado. Além disso, depois de escolher um bom nome é preciso estudar os sobrenomes das famílias para ter equilíbrio na quantidade de letras.
Enfim, todos são unânimes ao considerar o nome de alguém como algo de suma importância, e de fato o é.
No tocante à lei, o nome é um direito garantido na nossa Constituição, que consagrou o princípio da dignidade da pessoa humana em seu texto, nenhuma pessoa está obrigada a carregar um nome, pelo resto de sua vida, se o nome não reflete a identidade daquela pessoa, pois a pessoa deve ser chamada pelo nome que a identifica, que a individualiza, vale dizer, pelo nome pelo qual ela é conhecida, seja no meio social, seja no meio familiar, seja no meio profissional.
Se o nome, por qualquer motivo, causa constrangimento, prejuízo moral, ou não está de acordo com os nomes dos parentes, dos filhos, ou dos pais da pessoa, ela tem o direito constitucional de mudar, substituir, ou acrescer o nome, ou o sobrenome passando a ter o nome pelo qual é conhecida.
A história dos nomes e sobrenomes
O latim desenvolveu um sistema de identificação relacionado com a estrutura familiar do patriarcado. Cada pessoa tinha três nomes: o prenome, o nome ou gentílico e o cognome. O prenome era o nome propriamente dito. O segundo nome ou gentílico era o mais importante por indicar o grupo consanguíneo descendente de um antepassado comum. O cognome diferenciava a família. Assim, o prenome era de pouca relevância na organização social romana, fundada pelo prestígio das gentes, visto que os gentílicos indicavam a posição social do indivíduo. Com isso, uma pessoa chamada Caius Iulius Caesar, tinha por prenome Caius, por gentílico Iulius, e por cognome Caesar. A importância do gentílico em detrimento do prenome é tão notável que nos livros de História, e na própria História de maneira geral, algumas personalidades são reconhecidas pelo gentílico, como o Júlio Cesar. Pois é, o Caio Júlio César, que ficou Júlio César, que deu nome ao mês de Julho.
Todavia, com a ascensão política e social da plebe, o sistema de denominação romano foi perdendo seu significado. Com a cultura cristã católica, esse sistema foi completamente alterado. O nome mais importante passa a ser o que o indivíduo recebe no batismo, visto ser esse nome que denota o pertencimento do indivíduo à comunidade cristã. Claro que, acrescido ao nome de batismo, vai-se difundindo, pouco a pouco, o nome de família, o que denominamos sobrenome que é um identificador de um grupo consanguíneo, como era o cognome no latim. Os nomes de família podem ser do pai ou da mãe, e, na Península Ibérica, vai sendo propagada a identificação do indivíduo com três antropônimos: nome, sobrenome materno e sobrenome paterno. Em Portugal e no Brasil, normalmente ocorrem nessa ordem; enquanto na Espanha e em sua área de influência cultural ocorrem na ordem: nome, sobrenome paterno e sobrenome materno.
Porém, como se pode presumir de imediato, um mesmo nome dado a muitas pessoas de uma mesma família, ou de famílias diferentes que, em muitos casos, não apresentam nenhum traço consanguíneo, pode provocar um problema de identificação. Por exemplo, quantas Maria José da Silva não existem Brasil afora? Devido a isso, introduziu-se uma indicação suplementar no nome: o patronímico.
Patronímico é o nome que designa quem é o pai da pessoa. Assim, além do nome de batismo, é acrescido ao nome da pessoa o nome de seu pai, como em José filho de Rodrigo ou José de Rodrigo, que em Portugal era marcado pelo sufixo -es, e na Espanha por -ez, transformando o José de Rodrigo em José Rodrigues ou José Rodriguez. Mas os patronímicos perderam o conteúdo original e passaram a simples nomes de família: Álvares não é mais o filho de Álvaro, mas o que nasceu numa família assim denominada; bem como Gonçalves, Lopes, Nunes, Martins, Henriques, Mendes, Sanches, Ramires, Soares, Bernardes, Alves, Dias, dentre outros.
Em muitos outros casos, alguns nomes tinham relação direta com certas características que um grupo apresentava. Por isso, não são poucos os sobrenomes portugueses e de outros povos que indicam qualidades físicas ou morais (Delgado, Leal, Velho, Louro, Branco, Cão, Severo), das cidades de onde provinham (Guimarães, Bragança, Braga, Porto, Araújo, Aragão, Vieira), de plantas ou árvores (Carvalho, Nogueira, Pereira, Oliveira, Flores, Pinheiro, Lima, Silva, Silveira), de animais (Carneiro, Cordeiro, Bezerra, Aranha, Leão, Leitão, Coelho), de profissões (Monteiro, Carreiro, Moleiro), de acidentes geográficos (Ribeiro, Monte, Lago, Costa), bem como referências religiosas (Assis, Pádua, Ramos, Sales, Santos, Reis). Como se pode verificar ainda, não é apenas no português que isso ocorre, mas em todas as línguas as origens dos sobrenomes são as mesmas. Sobrenomes em inglês como Baker (padeiro), Taylor (alfaiate), Hill (colina), Jackson (filho de Jack), em francês Dupont (da ponte), Chevalier (cavaleiro), em italiano Bianco (branco), Rossini (ruivo), também são exemplos dessas relações.
REFERÊNCIAS
http://revistalingua.uol.com.br/
http://tutomania.com.br/artigo/a-origem-dos-nomes-e-sobrenomes
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